
O refluxo se manifesta
quando uma válvula chamada esfíncter, que tem a função de impedir que o suco
gástrico vá para o esôfago, não funciona corretamente e abre sem necessidade.
Parte da comida e do suco gástrico pode voltar ao esôfago e causar queimação.
De acordo com o gastroenterologista
Joaquim Prado Moraes Filho, professor-livre docente da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP), ainda não se sabe por que o esfíncter não
exerce corretamente sua função. "O que sabemos é que a genética é um fator
importante para o aparecimento do problema", diz.
Sintomas
Além de azia e da sensação
de que a comida está voltando para a boca, o refluxo pode apresentar outros
sintomas. "O suco gástrico pode ir para o pulmão, por exemplo, e causar
asma, tosse seca e soluço", diz Ricardo Barbuti, gastroenterologista do
Hospital das Clínicas, em São Paulo. Também pode haver problemas odontológicos
por causa da acidez do suco gástrico. Um exemplo é a perda da dentina, camada
interna que envolve o nervo, o que leva à sensibilidade dos dentes.
Se não tratado, o refluxo
prejudica a qualidade de vida da pessoa, porque dores e azia tendem a piorar
com o tempo. Além disso, sem tratamento, o problema pode evoluir para a
esofagite, caracterizada por machucados no esôfago, ou para o chamado Esôfago
de Barret, uma alteração no tecido do órgão que causa câncer.
Tratamento
O tratamento farmacológico
pode ser feito pontual ou cronicamente, de acordo com a gravidade da esofagite.
"O tratamento com medicamentos é baseado em drogas que diminuem a secreção
de ácido no estômago e nos pró-cinéticos, que aceleram o esvaziamento gástrico
e tendem a contrair o esfíncter, dificultando a sua abertura sem
necessidade", diz o gastroenterologista Giovanni Faria Silva, professor da
Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). Nos casos mais graves, uma
cirurgia pode fazer o esfíncter voltar a funcionar corretamente.
Prevenção
Evite alimentos gordurosos e
doces – Como eles são digeridos mais lentamente pelo estômago,
o processo aumenta a pressão dentro do órgão e força a abertura da válvula que
separa o estômago do esôfago, o esfíncter. “Comidas com muita gordura também
tendem a relaxar o esfíncter e fazer com que ele abra mais do que o normal,
aumentando o risco do suco gástrico ir para o esôfago”, diz com o
gastroenterologista Joaquim. Essa abertura ocorre também com a ingestão de
doces.
Corte ou consuma
refrigerantes moderadamente - O gás das bebidas gasosas relaxa o
esfíncter e faz com que ele se abra sem necessidade, facilitando a saída do
suco gástrico para o esôfago. “As bebidas à base de cola são as que mais
relaxam o esfíncter”, diz o gastroenterologista Giovanni.
Não exagere nas refeições -
Comer muito em uma só refeição faz com que o estômago tenha mais alimento para
digerir. Consequentemente, o órgão se distende, o que leva ao aumento de
pressão e à abertura do esfíncter.
Coma sem pressa -
Segundo o gastroenterologista Joaquim, quando uma pessoa come rápido, ela
engole ar junto com a comida. “O ar ingerido aumenta a pressão dentro do
estômago e faz com que o esfíncter se abra sem necessidade”, diz. Por isso, o
ideal é mastigar bem os alimentos e comer sem pressa.
Mantenha o peso - O
sobrepeso e a obesidade aumentam a pressão no abdômen e no estômago. Com isso,
o esfíncter se abre de maneira equivocada e o suco gástrico vai para o esôfago,
causando o refluxo.
Não fume -
“Substâncias presentes no cigarro, como o tabaco, estimulam a produção de suco
gástrico e alteram o funcionamento do esfíncter. Esses dois fatores juntos
contribuem, e muito, para que o conteúdo do estômago vá para o esôfago”,
explica gastroenterologista Ricardo Barbuti.
Não durma até duas horas
após a última refeição - Quando nos deitamos, a pressão dentro
do abdômen aumenta naturalmente — e a pressão do estômago também. Se uma pessoa
que tem tendência ao refluxo vai dormir com a barriga cheia, o risco de o
alimento que está no estômago ir para o esôfago é maior. Por isso, é preciso
esperar que parte da comida tenha sido digerida antes de se deitar.
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FONTE: VEJA
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