
Muita gente se
queixa de problemas intestinais como cólicas em períodos alternados, gases que
provocam distensão do abdômen, crises de prisão de ventre e diarreia, além da
sensação de que o intestino não foi esvaziado completamente com a evacuação.
Esses sintomas, por sua vez, são comuns a muitas doenças intestinais, como a
Síndrome do Intestino Irritável, um distúrbio funcional, sem causa anatômica ou
lesões que a justifiquem. Por isso, o diagnóstico desta é de fundamental
importância para excluir a possibilidade de patologias mais graves.
No passado, a
síndrome era chamada de colite nervosa e era atribuída apenas a alterações
emocionais. Esse nome, no entanto, não estava correto, já que o distúrbio, ao
contrário das doenças orgânicas, não apresenta inflamação. Além disso, sabe-se que o intestino tem
enervação própria e hormônios que regulam sua capacidade de excretar.
A
coordenação motora do intestino é absolutamente necessária para fazer o bolo
fecal progredir nos intestinos. Para tanto, são necessárias estruturas
anatômicas (músculos, mucosas etc.), além de mediadores químicos que agem nas
fibras musculares e provocam contrações.
Os principais
sintomas da descoordenação do movimento
peristáltico são dor e desconforto causado pelo acúmulo
excessivo de gases. Muitas vezes, no fim do dia, o indivíduo é obrigado a abrir
o cós da calça, porque sente a barriga estufada. Além disso, pode apresentar
tanto intestino preso como intestino solto, ou ambos alternadamente, dependendo
da irritação que as alterações da motilidade intestinal tenham provocado.
Como
o distúrbio ocorre
Quando o
alimento chega ao estômago, através de hormônios e estímulos nervosos, é
enviado um comando que estimula as contrações e provoca aumento na motilidade
do intestino. Quanto mais longo for o período de jejum que antecedeu a
alimentação, maior será o reflexo, o que normalmente ocorre pela manhã, depois
de uma noite inteira de jejum.
Na síndrome do intestino irritável, o reflexo gastrocólico e o movimento de massa estão exacerbados. Nesses casos, as manhãs são difíceis, porque aumentam os reflexos e, consequentemente, aumenta a necessidade de evacuar. Entre70% e 80% dos casos, os portadores da síndrome têm diarreia e evacuam várias vezes depois do café da manhã.
Os
riscos
Um
dos problemas desse transtorno é que os sintomas são comuns aos de muitas
doenças do intestino. Um deles é a alternância de obstipação e diarreia, que
aparece também nos casos de câncer de intestino. Flatulência, dor, alteração na
consistência das fezes podem ser sinais de doenças inflamatórias como a
retocolite ulcerativa e a doença de Crohn.
Caso a pessoa
não busque identificar as causas do transtorno intestinal, ela corre o risco de
ignorar problemas sérios e que exigem tratamento específico.
O
diagnóstico
É feito por exclusão e leva em conta os sintomas. Se a pessoa tiver menos de 50 anos, fez exames de atividade inflamatória, exames de sangue que não revelaram perda de ferro e anemia, exame de fezes para detectar se o sangue oculto é negativo, além de não existir histórico familiar de outras doenças intestinais, pode-se tentar o tratamento com drogas para intestino irritável e observar. Se não houver melhora, o paciente deve ser encaminhado para colonoscopia.
É feito por exclusão e leva em conta os sintomas. Se a pessoa tiver menos de 50 anos, fez exames de atividade inflamatória, exames de sangue que não revelaram perda de ferro e anemia, exame de fezes para detectar se o sangue oculto é negativo, além de não existir histórico familiar de outras doenças intestinais, pode-se tentar o tratamento com drogas para intestino irritável e observar. Se não houver melhora, o paciente deve ser encaminhado para colonoscopia.
No entanto, se ele tiver mais de 50 anos, se o exame de sangue oculto nas fezes for positivo e houver histórico familiar de outras doenças do intestino, a colonoscopia será prescrita imediatamente para excluir a possibilidade de uma doença orgânica grave.
Dessa maneira, o
diagnóstico de intestino irritável é feito ao excluirmos patologias mais
graves. Se em menos de um mês o indivíduo não responder ao tratamento
medicamentoso, será encaminhado para a colonoscopia.
A
colonoscopia é um exame feito com um tubo flexível e elástico que permite ver
por dentro todo o intestino grosso e uma parte do intestino delgado. Apesar da
abrangência desse procedimento, caso haja alguma alteração
na parte do intestino delgado que o aparelho de colonoscopia não alcança, não
será possível detectá-la.
Num primeiro
momento, porém, o exame dá certa tranquilidade e permite tentar o tratamento
para a síndrome do intestino irritável. Caso os sintomas persistam, a
investigação das causas prossegue.
Avalia-se o
intestino delgado para verificar se não existe algum problema na absorção dos
alimentos ingeridos – como intolerância à lactose, por exemplo – ou existe um
problema relacionado com o próprio intestino. Para tanto, pede-se um exame de
raios-X de trânsito intestinal, visando examinar o intestino delgado inteiro e
diagnosticar dificuldades com as enzimas pancreáticas ou a doença celíaca
provocada por alergia ao glúten.
O
tratamento
A síndrome do
intestino irritável é a patologia intestinal mais prevalente no mundo, até
porque a tendência, hoje, é classificar a constipação crônica dessa maneira.
Estima-se que 40% da população mundial seja acometida pelo transtorno.
Quando se é
diagnosticado que o problema
é, de fato, funcional e ligado à motilidade do intestino, que não ocorre de
forma adequada para a progressão do bolo fecal, geralmente a
pessoa fica mais tranquila, uma vez que não existem lesões e não há necessidade
de ser operada.
O objetivo do tratamento é
controlar o movimento do intestino e recuperar sua coordenação motora normal,
recorrendo a medicamentos e uma orientação alimentar individual.
Alimentos ricos em fibras solúveis e insolúveis favorecem a formação adequada de um único bolo fecal. Na grande maioria das vezes, porém, a pessoa precisa também de medicação para controlar a motilidade fecal, seja pela ação de hormônios ou por ação direta na movimentação do intestino. Poucos pacientes necessitam de remédios que rompam o vínculo entre alterações emocionais e funcionamento dos intestinos.
Fibras solúveis
são as que formam e compactam o bolo fecal. Normalmente, são encontradas em
polpas de frutas e em alguns cereais. Já as insolúveis formam o bolo fecal, mas
não têm o poder de compactá-lo. Estas funcionam principalmente como laxantes, e
estão presentes nas cascas das frutas e de cereais, além de todas as verduras.
De acordo com a tendência da pessoa em apresentar constipação ou diarreia, será
recomendada a ingestão de mais fibras solúveis ou mais fibras insolúveis.
Devem ser
evitados alimentos que irritem os intestinos, como condimentos picantes e
produtos com excesso de conservantes e a ingestão excessiva de açúcar,
principalmente pelo consumo de doces muito concentrados, como brigadeiro e
leite condensado.
Em geral, os
portadores da síndrome precisam de remédio, o que não quer dizer que seja de
uso crônico e contínuo, como acontece com outras doenças do intestino. Eles
podem ser prescritos nas fases de maior desconforto, por não mais do que um ou
dois meses.
A pessoa pode viver alguns anos sem manifestações clínicas, por fatores emocionais ou algum distúrbio na motilidade intestinal, mas pode voltar a apresentar os sintomas e ser obrigado a retomar o tratamento.
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