A epidemia de zika já atingiu pelo menos 20 estados
brasileiros e tem se espalhado pela América Latina de maneira rápida e
alarmante. O vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, é relacionado aos aproximadamente 3,4 mil casos
suspeitos de microcefalia investigados no país no momento, sendo 270 já
confirmados. "É uma pandemia em andamento", disse Anthony Fauci,
especialista em doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde dos Estados
Unidos.
A seguir, dicas de como se prevenir dessa e outras duas
doenças transmitidas pelo Aedes aegypti:
a dengue e chikungunya.
1) Elimine todos os
focos de água parada
As autoridades brasileiras têm afirmado que a principal
forma de combater o zika é acabar com o mosquito que transmite o vírus. Para
fazer isso, é necessário eliminar todos os possíveis focos de reprodução do
Aedes aegypti.
O mosquito precisa da água parada para colocar seus ovos,
então qualquer lugar que possa acumular o mínimo de água pode virar um foco da
doença.
Isso inclui vasos de plantas, que às vezes ficam com água
acumulada no prato, potes de água de animais domésticos, garrafas – elas devem
sempre ser mantidas para baixo, assim como baldes -, e até poças de água da
chuva no quintal ou na calçada. Privadas sem tampa também podem ajudar a
proliferar o mosquito – é sempre preferível deixá-las com a tampa abaixada.
Os ovos do Aedes
aegypti podem ficar até um ano em local seco apenas à espera de um pouco de
água para que as larvas possam sair e virar mosquitos. Por isso, é preciso
cuidado para não deixar a água acumular em nenhum lugar da casa.
É recomendável também limpar calhas várias vezes por semana
e cobrir os reservatórios de água e piscinas, a não ser que eles sejam
devidamente clorados (o cloro impede a reprodução dos mosquitos).
2) Use repelente
Para evitar a picada do mosquito, a melhor estratégia é
passar repelente em todas as partes expostas do corpo.
O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados
Unidos (CDC) recomenda a utilização de repelentes à base de
n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) ou icaridina.
A orientação é que se aplique o repelente regularmente,
seguindo as instruções na própria embalagem. Caso se utilize também o filtro
solar, é importante passar o repelente depois porque o protetor pode
"mascarar" seus efeitos.
Mulheres grávidas também podem utilizar o repelente, mas é
sempre bom conversar com o médico para ver qual seria o mais adequado. Por
conta do risco de microcefalia, é importante que as grávidas em especial façam
constante uso do repelente.
3) Use roupas
compridas
A orientação dos especialistas – principalmente para
mulheres grávidas – é que utilizem roupas que deixem poucas partes do corpo
expostas ao mosquito. Calças, blusas de manga comprida e roupas grossas são o
vestuário mais indicado, embora seja um desafio durante o verão de altas
temperaturas.
Há também algumas roupas importadas especiais que contêm
permetrina, um inseticida sintético incorporado ao tecido.
4) Casa "à prova
de mosquito"
Especialistas recomendam dormir atrás de "barreiras
físicas", como portas fechadas, janelas vedadas e telas de mosquito,
sempre que possível.
Durante a noite, um mosquiteiro pode oferecer uma proteção
extra, embora esse mosquito tenha hábito diurno.
Há também os sistemas de repelentes ligados na tomada e de
nebulização de mosquito, com bicos que borrifam inseticida - que são amplamente
utilizados apesar de serem polêmicos, já que podem afetar abelhas, borboletas e
outros insetos.
5) Lixo
O lixo doméstico também pode se tornar um terreno fértil
para os mosquitos – porque é fácil acumular água nele.
Especialistas alertam para que pessoas em áreas de risco
tomem precauções extras ao manusear o lixo. É importante mantê-lo em sacos
plásticos sempre fechados.
Pneus velhos e materiais de construção devem ser removidos
de quintais – eles são um foco muito comum das larvas do mosquito.
6) Fumacê
A técnica do "fumacê" tem sido bastante utilizada
em algumas das regiões mais afetadas do país. Ela consiste em levar
caminhonetes com "mangueirões" que soltam jatos de inseticidas em
casas ou edifícios para matar os mosquitos adultos.
Essa é uma das medidas de emergência que estão sendo
consideradas para acabar com o Aedes
aegypti nos locais de competições olímpicas no Rio de Janeiro.
7) Estratégias de
controle do mosquito
Uma das estratégias adotadas para controlar a proliferação
do Aedes aegypti foi desenvolver um mosquito macho geneticamente modificado com
a proteína TTA.A transmissão da dengue, da zika e da chikungunya é feita
pela fêmea. E os mosquitos que nascerem dos cruzamentos com esses transgênicos
irão morrer antes de chegar à vida adulta.
Jacobina, no interior na Bahia, chegou a utilizar essa
estratégia e conseguiu reduzir as ocorrências de dengue em 90%. Piracicaba (SP)
adotou a mesma medida no ano passado.
Outros tentaram soluções mais inesperadas, como fez a cidade
de Itapetim, em Pernambuco. Eles criaram um "exército natural" de
peixes de pequeno porte de água doce e colocá-lo em caixas d'água e cisternas
que abrigam larvas do mosquito. O peixe come os ovos e os impede de se
desenvolver.
8) Evitar viagens
Para os que vivem fora das áreas mais afetadas, é
aconselhável evitar a ida para regiões com maior incidência do mosquito e da
doença – Pernambuco, Paraíba e Bahia são os estados brasileiros com mais casos
de microcefalia reportados.
Alguns governos chegaram até a recomendar que a população
não viaje para os países que estão sofrendo mais com o problema. Nos Estados
Unidos, por exemplo, a CDC pediu às mulheres grávidas que evitem viajar para a
América Latina e para o Caribe por enquanto.
"Até que se saiba mais a respeito da doença, mulheres
grávidas devem considerar adiar viagens para quaisquer áreas onde a transmissão
do zika vírus está endêmica",
afirmou um dos representantes do CDC.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, não
adotou a mesma recomendação. "Baseado em evidências concretas, a OMS não
está recomendando nenhuma restrição de viagem ou de negócios relacionada ao zika vírus. Como medida de precaução,
alguns governos podem fazer recomendações de saúde pública para a população
local, baseados em suas avaliações próprias."
9) Impedir a
propagação
Se uma pessoa está infectada, o uso de repelente e todos os
demais cuidados são fundamentais para evitar outras picadas e que podem
contaminar outras pessoas.
Além disso, apesar de não haver nenhuma confirmação oficial
de que há risco de transmissão sexual do zika
(associação ainda é estudada), alguns especialistas recomendam o uso de
camisinha pelo menos por duas semanas durante a recuperação da doença.
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